Dev Sem Fronteiras #123

Dev Sem Fronteiras #123

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Dev Sem Fronteiras com Augusto Galego

— Augusto conta o dia a dia do seu novo emprego, uma empresa B2B com foco no mercado de moda, onde atua remotamente como Engenheiro de Software, morando em Pádua, Itália.

Nesse episódio, Fabrício Carraro entrevista Augusto Galego, um engenheiro de software que está há cerca de um ano e meio em Padova, na Itália. A conversa começa com um rápido check-in sobre o clima em diferentes partes do mundo.

Augusto compartilha sua jornada desde Florianópolis, onde cursou Sistemas de Informação na UFSC. Ele admite que entrou na faculdade sem saber muito sobre programação, mas ao longo do tempo, desenvolveu uma paixão pela área. Durante a faculdade, Augusto estagiou em lugares como o Sesc e na UFSC, ganhando experiência valiosa.

Após se formar, ele trabalhou em uma fábrica de software brasileira, colaborando em um projeto para uma empresa australiana. Com habilidades em inglês e Node.js, Augusto logo se tornou contratado pela empresa australiana, trabalhando remotamente do Brasil.

Em 2022, sua namorada começou um mestrado em Padova, e Augusto, trabalhando remotamente para a Austrália, aproveitou a oportunidade para se mudar para a Itália. No entanto, em março do ano passado, a empresa australiana encerrou contratos, resultando em um período de transição para Augusto.

Já na Europa, ele encontrou uma nova oportunidade de trabalho, agora para uma multinacional com sedes em Nova York e Madrid. Sua equipe está baseada em Madrid, e Augusto continua trabalhando remotamente a partir de Padova.

A mudança para a Itália foi um desafio, especialmente ao encontrar acomodação em uma cidade universitária movimentada. Após dois meses de estadia temporária, Augusto e sua namorada conseguiram um apartamento no centro de Padova, eliminando a necessidade de carro e proporcionando uma experiência mais agradável, especialmente para alguém originário de Florianópolis.

Ele comenta sobre a dispersão geográfica em Florianópolis, que pode fazer a cidade parecer pequena, enquanto Padova é mais concentrada. O engenheiro de software menciona que sente falta da cena gastronômica e das opções de entretenimento noturno de Florianópolis, mas destaca as vantagens de morar no centro de Padova, eliminando a necessidade de carro.

Quanto ao processo de busca por um novo emprego remoto, Augusto revela que aplicou para cerca de 300 vagas, passou por aproximadamente 15 entrevistas e descreve o processo padrão, incluindo entrevistas técnicas focadas em frameworks específicos, live coding e entrevistas com RH para avaliação cultural.

Ao mudar para sua atual empresa, ele destaca a facilidade de transição e o suporte oferecido, incluindo reuniões explicativas e o envio de um MacBook. Augusto descreve sua atual posição na Joor, uma empresa B2B focada em moda, atuando como um marketplace para conectar vendedores e compradores. Ele explica a stack tecnológica da empresa, envolvendo Django, React, PHP (em processo de depreciação), GraphQL e conexões com microservices via gRPC.

Sobre o ambiente de trabalho, Augusto menciona que o time de desenvolvimento é predominantemente espanhol, com alguns membros trabalhando remotamente de diferentes partes do mundo, como ele próprio na Itália. A empresa não possui um escritório em Madrid, mas oferece um co-work para quem deseja usá-lo.

Augusto compartilha insights sobre sua experiência financeira ao trabalhar remotamente para empresas estrangeiras, tanto no Brasil quanto na Itália. Ele destaca que, no início de sua carreira, os estágios no Brasil ofereciam salários abaixo de R$800, enquanto seu primeiro salário PJ foi de R$1.200. No Brasil, durante a fase pleno, ele atingiu a faixa de R$4.000.

Ao trabalhar para a empresa australiana, seu salário aumentou significativamente, proporcionando uma qualidade de vida confortável em Florianópolis. No entanto, ao mudar-se para a Itália, ele observa que seu salário atual, embora parecido com o da Austrália, é menor devido aos altos impostos italianos, que representam cerca de 35% de sua renda.

Augusto compara os custos de vida entre o Brasil e a Itália, indicando que o custo de vida em Florianópolis para ele e sua namorada seria em torno de R$5.000, considerando que moravam com os pais. Já na Itália, ele menciona que o salário pago aos programadores é relativamente baixo, e ele prefere empregos remotos em outros lugares.

Augusto compartilha suas percepções sobre a vida na Itália, destacando algumas diferenças culturais e aspectos da vida cotidiana. Ele menciona a burocracia como um desafio, principalmente ao lidar com permissões de residência, que demandam tempo e paciência.

Sobre os italianos, ele reconhece a reputação de serem mais fechados inicialmente, mas destaca que, ao conhecê-los melhor, a maioria é amigável. Augusto observa que está inserido em um ambiente universitário diversificado, conhecendo pessoas de várias nacionalidades, o que enriquece sua experiência.

Ao falar sobre a culinária, Galego ressalta que a comida italiana é boa, mas destaca que não consegue comer massas e pizzas diariamente. Ele aprecia as diferenças entre a pizza italiana e a brasileira, e aponta que, mesmo gostando da culinária local, sente falta da comida brasileira e das festas típicas do Brasil. No entanto, ele enfatiza que sua preferência por uma não exclui a apreciação pela outra.

O episódio com Augusto proporcionou uma visão interessante sobre sua experiência vivendo e trabalhando na Itália. Ele compartilhou desafios burocráticos, diferenças culturais e sua preferência pela comida brasileira. As viagens frequentes pela Europa também foram destacadas como uma vantagem de estar na região. No final, ele ainda compartilhou algumas histórias engraçadas, incluindo um mal-entendido em uma cafeteria italiana e a experiência de receber uma rosa em Veneza.

Capa da foto por Dogukan Aslan, tirada com uma NIKON D5600.

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